terça-feira, 20 de maio de 2008

::::A Crise da Meia-Meia-Idade::::

Fonte: projectoserfamilia.wordpress.com (via Google)


.ok. eu "estou" um velho.


.e como as coisas hoje acontecem de forma tão rápida, me parece que precipitar acontecimentos é lugar comum.


.e essa constatação não surgiu hoje, assim de repente, enquanto lia a Folha. a crise começou quando fiz 25 anos alguns meses atrás.


.é meio clichê, mas a percepção do passar dos anos é algo tão impalpável quando somos adolescentes. e no limiar dessa fase cheia de irresponsabilidades o passo para o mundo adulto parece tão assustador que procura-se desesperadamente para adiá-lo o máximo possível. alguns entram na faculdade, outros arranjam sub-empregos, os tolos engravidam sem querer ou casam para viver nas dependências do seu ex-quarto de solteiro. e para espécimes raras (ou talvez nem tanto assim) o ideal é empurrar com a barriga até quando puder. eternas crianças? não sei.


.tive todos esses temores. e fui pra vida universitária para experimentar tudo o que a liberdade oferece com o respaldo financeiro dos progenitores (a muitos quilômetros de distância). cansei depois de um tempo. arranjei emprego e conciliei (da forma mais insana) com o curso. o tempo trouxe a total independência e para fechar o ciclo, a formatura.


.e nesse exato momento "a ficha caiu". meus 25 anos começaram a pesar.


.tudo bem que não tinha do que reclamar. estava empregado numa área correlacionada a minha formação (embora não fosse minha principal meta, foi um plano a cumprir durante a espera por algo melhor). não tinha problemas familiares. e até melhor, conquistei uma nova família (composta por amigos....eternos agora, espero.) nesses anos da faculdade.


.porém os questionamentos acabam com certas respostas para, um segundo depois, cederem lugares para outros mais complicados (ou não), porém todos extremamente urgentes. e minha cabeça ferve pelo menos parte do dia.


.meus currículos, minhas buscas por vagas, nada que fiz para galgar meu espaço no mundo profissional (fora da cidade onde moro atualmente) surtiu efeito. recebi conselhos para chutar tudo e arriscar. mas o efeito da crise vem acompanhada da busca por segurança e menos riscos. acho que minha fase de jogar tudo para o alto passou. definitivamente. veremos quanto tempo essa minha convicção dura. às vezes o desespero bate à porta e esfrega na sua cara outro questionamento da fase: será que você vai chegar lá?


.uma outra parte dessa longa jornada maluca envolve os danos notáveis aos olhos de qualquer cidadão comum. e muito mais naquele do mais crítico: o seu próprio. nota-se que seu corpo já não é o mesmo. as noitadas regadas a álcool exigem cuidados e a recuperação é longa. o metabolismo começa a lerdear e a gordura começa a propor uma reunião na região abdominal. até o fôlego para atividades corriqueiras parece faltar em algum momento.


.e para fechar com chave de ouro, uma vida pessoal inconstante. apesar de família e amigos, a companhia definitiva (ou pelo menos duradoura) resolve tornar-se sempre passageira. e você, muitas vezes vítima do seu desespero, leva com o pensamento, uma hora isso muda. típico dos cidadãos que estão numa fase bem mais avançada do que a sua, mas que compartilham um pouco dessa esperança aos quais românticos alimentam-se. e a bola de neve rola montanha abaixo e sem obstáculo algum para detê-la.


.chega nesse ponto. questiono tudo.uma. duas. três vezes. mais um pouco ali. novamente em casa.


.fiz tantas tentativas para melhorar na carreira, que começam a faltar opções, idéias, direções.


.procurei tanto uma companhia que acabo me envolvendo em situações embaraçosas e lamentáveis.


.só a parte física consegui dar um jeito, com academia e dieta. mas de que adianta isso tudo? ok...é bom pra saúde física e mental. mas parece incompleto.


.meu maior medo é fazer concessões em áreas onde minhas prioridades sempre foram intransigentes.


.casar e viver numa mesma casa. ter filhos. prestar concurso público. viver em cidade do interior.


.será que para solucionar a crise só uma atitude porraloca? ou uma racionalidade menos encanada? já não sei o que pensar.


.o que será que me aguarda? ou melhor, o que eu guardo para os próximos capítulos? - e nem desconfio o que seja.


.é isso.


.abraço.

2 comentários:

Pedro Favaro disse...

tava com isso na cabeça dia desses.
A juventude hoje, de acordo com os psicologos, vai até os 30, e a fase adulta 'fica expremida, começando a partir daí.
Mas eu honestamente, não sei se quero ver o que será o amanhà.
A incerteza é TERRÍVEL.

Só nos resta esperar rapaz.

du disse...

.é.

.vamos levando a vida conforme é possível.

.não há nada mais o que fazer.

.obrigado pelo comentário.

.abraço.