.ok. eu sou seletivo.
.talvez esse é mais um dos fatores que me mantém encalhado até hoje. sou extremamente exigente. e eu sei que isso, mais cedo ou mais tarde, acaba criando certos poréns no andamento de todo o processo..mas refletindo sobre o assunto, será que nós todos não agimos dessa forma quando escolhemos alguém para dividir algo mais do que uma bebida na noite?
.por exemplo, eu não consigo levar uma conversa para frente se o outro lado abusa de gírias, erros brutais de português e assuntos puramente intelectuais ou estúpidos.
.é uma particularidade minha, mas ouvir alguém que usa como vírgula coisas do tipo "véio", "mano", "maluco", me irrita profundamente. corta totalmente o tesão. o mesmo serve para gramática inventada. afinal, o mínimo que pode-se exigir é que a paquera saiba o quão doído "nóis se diverte" e "pobrema" soam para ouvidos normais.
.devemos considerar também os casos extremos. porque não há coisa mais chata do que assistir a pessoa mais inteligente que você já conheceu discorrer minuciosamente sobre os tratados de comércio que a última reunião na OMC criou. ou sobre cada parte da fabricação artesanal daquele vinho que te ofereceu. por mais delicioso que possa ser, todo o sabor evapora-se na chatice da fala sem fim. outro caso, tem coisa mais corta-barato do que reclamar do mundo todo, ou tentar forjar uma intimidade que não existe ou então, enrolar-se no próprio papo furado e ser pego?
.isso remonta claro, a divisão de classes. bom o termo é antigo e praticamente em desuso. mas não consigo analisar o todo sem a sua participação.
.acho difícil pessoas de mundos muito diferentes se acertarem. por mais que a máxima "o amor vence tudo" permeie os pensamentos daqueles que esperam um dia encontrar a pessoa certa, eu tenho minhas dúvidas.
.o jogo não envolve só o sentimento, trata-se também de dinheiro, gostos, interesses, criação, berço, herança, tradições, pensamentos, preconceitos. e se relacionamentos já não são fáceis de lidar, imagina com obstáculos infindáveis que brotam pouco a pouco, a cada dia dessa união?
.será que aquele nascido em berço de ouro abre mão de algumas coisas para não comprometer o andamento da relação com uma pessoa que ganha como salário o que ele gasta em uma noite em clubes badalados da capital? a executiva com pós gradução e diversas especializações consegue lidar bem com o mundo totalmente diferente do balconista com segundo grau? o recém formado e independente consegue entender uma adolescente enrolada nos problemas típicos da fase e dependente dos pais para sobreviver?
.sei que é necessário aprofundar-se muito mais no assunto para respostas menos questionáveis. e sei também que vivemos em um país que ainda cultiva pensamentos impregnados por machismo, racismo, sexismo e outros ismos.
.mas por enquanto, eu não consigo quebrar essa barreira. talvez porque não surgiu alguém forte o bastante para balançar minha fé ou então eu sou mesmo um chato.
.no final das contas, eu só quero alguém com quem possa interagir de forma tão espontânea e livre, que minhas ressalvas e pré-requisitos dissolvam-se entre palavras e risadas.
.será que ainda chego lá?
.abraço.
2 comentários:
Pois é,
o que acontece é que uma hora você vai encontrar uma pessoa que será chata, burra...provevelmente intelectual demais, mal humorada de manhã, terá olhso castanhos e vc jura que só amará quem tem olhos claros... e apesar de ser tudo que contraria suas exigencias, ela tem o lábio inferior carnudo... treme e se arrepia com sua voz grossa, brinca com os cabelos do seu peito, é boba e inventa nomes diferentes pra vc como Pedro, o altruísta quando vc faz alguma coisa boa ou Pedro, o obseso, quando vc come demais.
E todos os pré-requisitos são superados. Você entende que nunca escolheu tanto. Na verdade pôs na cabeça uma série de regras para explicar, pra vc e para o mundo o por que ainda está sozinho quando a unica razão é que não econtrou ainda. Simples e duro.
:sozinho e encalhado:
:espero encontrar ainda essa surpresa e abandonar as desculpas:
.longa espera pela vida.
.abraço.
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