sexta-feira, 23 de maio de 2008

::::A Arte De Adivinhar::::

Fonte: www.carloscereto.globolog.com.br (via Google).

.ok.eu não sou um bom vidente.


.uma das maiores qualidades que alguma pessoa interessada em manter bons relacionamentos é a capacidade de entender os sinais e reagir conforme o esperado. já pensou se a secretária ao ouvir o primeiro A do patrão já está lá com todos os documentos necessários para fechar um importantíssimo negócio? ou se o mordomo presenteia a madame com o melhor dos desjejuns justo naquele dia em que ela brigou, e feio, com o marido? ou até nós mesmos, se pudéssemos adivinhar o pior dos dias do gerente e animá-lo com metas alcançadas e projetos novos (sem puxa-saquismo, só melhorando a imagem profissional.rs).


.mas o difícil nessa estória toda é, como isso é possível? sinceramente eu não tenho a resposta. e como eu sofro com isso.


.conheci uma pessoa, acho que um ano atrás. no começo deu tudo certo. o papo era incrível e interminável. o que pra mim, é sempre um bom sinal para investir. milhares de assuntos, coisas engraçadas, brincadeiras. rolou uma visitinha em meu apartamento. os resultados melhores do que a expectativa: uma pessoa que não temia demonstrar afeto, de sorriso fácil e que me fisgou com sua inteligência, pois simplesmente entendia e sabia um pouco de tudo. desde noções de construção civil a política universitária, de casamentos arranjados para conseguir visto para outros países a novas áreas de atuação para formados em química. era fumante, mas isso acabou ficando em segundo plano. tive que abrir mão de alguma coisa não? afinal o pacote inteiro compensava. pensei "dessa vez vai". apesar de ter uma certa distância, morávamos em cidades diferentes (uns 70 km), o que não era empecilho. cada um tinha pouco tempo, pelo trabalho e faculdade. mas isso agilizou nossas prioridades para encontros nos finais de semana.


.e na verdade, o que eu achava que era namoro. não era. acho que não. sempre demonstrei muito interesse . escrevia e-mails. procurava conversar por msn. esse tipo de coisa. e mesmo em uma época onde meu trabalho de conclusão de curso estava me matando, tirei uma noite de folga para viajar para uma visita.


.nesse dia, tudo deu certo. houve uma promessa para sua presença em uma festa que meu amigo promoveria. e dai chegou a data e nada. não apareceu nem deu notícias. fiquei confuso. e na verdade, questionava-me até onde compensaria ficar atrás de uma pessoa imprevisível. não era questão de gostar ou não, mas como sempre concordava comigo e emitia o mínimo de opiniões sobre a relação. tudo sempre ficava sob minha responsabilidade. e cansei.


.não fui mais atrás. talvez tenha perdido uma boa chance. mas, muito antes, a paciência já fora para o espaço.


.por que algumas pessoas simplesmente não dizem o que pensam, sentem?


.tem uma crônica de Danuza Leão, "Quer Namorar Comigo", em seu livro Danuza, Todo Dia, que fala muito bem sobre isso. retiro um trecho:


"Nas festas mais elegantes, entre pessoas inteligentes e sofisticadas (...) é sempre um jogo complicado de querer-fingindo não querer. telefona-some, mostra interesse-desaparece. Ninguém se arrisca, com medo de rejeição, e as coisas tomam às vezes rumo tão complicados e difíceis de entender, que frequentemente o resultado é nenhum; anos depois você pode até ouvir a frase 'naquela época eu estava tão apaixonado por você', e desmaiar de surpresa. "


.não quero adivinhar o porquê de cara feia. nem do olhar especialmente carinhoso. nem a indiferença.nem nada.


.eu proponho um retorno a sinceridade desmedida. quer ficar comigo? proponha um namoro. acho que sou fútil? venha discutir e explanarei minhas verdades e razões. está bravo comigo? chegue perto e tire satisfações. quer dizer que me ama? diga com todas as palavras "EU TE AMO".


.não é mais simples assim?


.abraço.


P.S. e afinal, quem gostar desse jogo de adivinha, monte um consultório e banque a nova Mãe Diná. certamente ganhará um dinheiro.


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